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Guia dos Quadrinhos – referência indispensável para colecionadores de quadrinho, informações detalhadas de cada edição com foto das capas, ferramenta para gerenciar sua coleção, entre outros. Conheça: http://www.guiadosquadrinhos.com/

Excelente Portal brasileiro sobre o Cimério, com informações, textos e contos de colaboradores, imagens, tanta coisa, vale muito a sua visita: http://cronicasdacimeria.blogspot.com.br/

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No Grupo tem uma seção dedicada a compra/venda/troca de revistas: Mercado de Shadizar

 

Artigos que merecem sua atenção:

“Os Quadrinhos Selvagens de Conan, o Bárbaro!”

por Raphael Ranieri – 20/09/2017

http://formigaeletrica.com.br/quadrinhos/quadrinhos-selvagens-de-conan/

 

Arte a Venda:

Me impressionou a qualidade e o dedicado trabalho do artista Adilson Quadros, em especial para nosso Conan, nunca tinha visto no Brasil, veja mais em: 

Camisetas Conan pintadas a mão

 

Vídeos:

Muito esclarecedor sobre as publicações dos encadernados Mythos em relação aos arcos de histórias e ordem cronológica, obrigada Luiz do canal HQzasso:

CONAN: Entenda a ordem das publicações da Mythos Editora

 

 

 

 

 

 

Cronologia da Carreira de Conan pela Editora Abril

A Editora Abril publicou nas revistas Conan o Bárbaro (formatinho)  a ordem cronológica das aventuras do Cimério, conforme levantamento oficial da Marvel. Descreve em 12 capítulos todas as suas fases, de Ladrão a Rei, citando as histórias e em qual revista (da própria Editora) foram publicadas.

Esse material saiu nas edições nºs 48-49-50-51-52-53-54-56-57-58-59 (pulou a 55).

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Conan Cores Curiosidades

A coleção “Espada Selvagem de Conan em Cores”, que a partir da edição 5 simplificou o título para “Conan em Cores”, tem algumas curiosidades. Foi publicada pela Editora Abril no período de 1987 a 1991, no formato magazine, e teve 13 exemplares. Tem uma seleção de ótimas histórias e a arte colorida valoriza a imaginação de quem está lendo.

Nas Edições 1 e 2 há um encarte/poster  equivalente as páginas 33-34-35-36, sendo que a ilustração central da primeira corresponde ao desenho completo da capa da Espada Selvagem de Conan (ESC) nº 1 publicada no Brasil em junho de 1984. O mesmo se repetiu na edição nº 2, porém a ilustração não corresponde a uma capa de ESC nacional.

Veja as imagens:

Edição 1

Edição 2

 

A Edição nº 8 tem a história “A Caveira de Set” que inspirou o roteiro do filme Conan o Bárbaro, aquele de 2011 com Jason Momoa fazendo o papel do Cimério. A Edição nº 10 foi referência no roteiro de Conan o Destruidor, com a história Chifre de Azoth. A Edição Especial nº 13 traz uma história excelente do rei Kull, homenagem ao primeiro herói bárbaro criado por Robert E. Howard, um descendente de Atlântida, personagem igualmente primoroso do universo espada e magia.

 

 

 

 

Brakan, de Mozart Couto

O Personagem

Brakan foi uma criação de Júlio Emilio Braz e Mozart Couto em 1986 (editora Press Editorial), cujo projeto inicial seria, em 2001, a publicação na revista “A Espada Selvagem de Conan” da editora Abril. Um épico guerreiro ankhoriano, do gênero espada e magia, espetacular e primorosa homenagem ao cimério Conan.

Brakan o Bárbaro Vingador – 2002 – Editora Ópera Graphic

Foram publicadas duas edições em 2002 pela editora Ópera Gráphica, questionadas pela editora Mythos detentora os direitos do personagem Conan naquele período. Ainda que o editor da revista tenha afirmado que o personagem era uma homenagem e que possuía autorização da Conan Properties para publicação no formato de tiras, a revista foi recolhida sob acusação de plágio do personagem Conan.

Fonte: http://noset.com.br/social-comics-conan-nascido-no-campo-de-batalha-de-kurt-busiek-e-greg-ruth/

NOTA DE ESCLARECIMENTO – 12/07/2019

Reproduzo na íntegra os comentários do mestre Franco de Rosa, em relação as informações que havíamos obtido na fonte acima referenciada que trata da publicação de Brakan em 2002 pela Editora Ópera Graphic. Aceite minha reverência e agradecimento pela visita e elucidação.

A página de onde os dados foram obtidos para esse tópico, não está mais disponível, mas tomei a decisão de deixar as informações como eu as tinha encontrado quando fiz as pesquisas, porque muitos podem ter lido matérias no mesmo teor, e ter ficado com essa referência equivocada sobre a publicação.

“Brakan nunca foi recolhido pela Opera Graphica Editora, ou por alguma empresa. Até teve um segundo volume lançado pela editora. Nós, na Opera Graphica aproveitamos o vácuo da inexistência do gibi do Conan nas bancas, quando a a Abril deixou o título. Não sabíamos quem publicaria a criação do Howard. Nunca ocorreu processo algum, por parte da Mythos, que publicou Conan, correta e competentemente, como sempre fez com seus títulos, por anos, e ainda publica. Inclusive publicou as tais tiras escritas por Roy Thomas.
Brakan foi criado muito antes da existência da Editora Mythos, da qual fiz parte em seu quadro inicial. E ainda hoje, 2019, é publicado com sucesso. ”

 

BRAKAN DE MOZART COUTO – 2005  – Quadrante Sul Comics e Atomic Editora

Edição especial produzida em parceria pela Quadrante Sul Comics com a Atomic Editora, apresentando o personagem Brakan, de Mozart Couto, um mestre do quadrinho nacional.  O livro, de tiragem limitada a 200 exemplares, traz um arco de HQ’s que formam o livro 1 da saga de Brakan. Formato 21×30, 188 páginas, capa triplex 300g color com verniz, miolo offset 90g, acabamento em lombada PUR. Qualidade, desenhos e roteiro impecáveis.

Sobre este lançamento, o editor da Quadrante Comic, Denilson Reis, publicou um interessante artigo com suas impressões do filme Conan o Bárbaro, que o levaram ao primeiro contato com Conan, impacto que se refletiu em toda uma geração que assistiu o filme nos cinemas, e aqui me incluo.

Descreve ainda o contato com a obra de Mozart Couto e sua motivação para lançar esta obra. Vale a pena a leitura, uma das poucas informações disponíveis sobre a história deste personagem no Brasil.

Leia a matéria completa em Brakan-de-mozart-couto e o vídeo produzido no lançamento.

 

O Editor ainda possui alguns exemplares e os disponibiliza para venda, seu contato é tchedenilson@gmail.com, o link do seu blog está abaixo.

Fonte: http://tchezine.blogspot.com.br/2015/12/quadrante-sul-07-brakan-tche-06-pdf.html

 

 

O mistério dos Adesivos brindes…

Atualização 08/02/2019

Ao receber um lote de revistas, eis que surgiu mais uma pista neste mistério. Duas revistas tinham adesivos internos, são elas: Espada Selvagem de Conan números 95 e 96. Conforme a foto, de fato sobre a número 96 estão confirmados os adesivos. Mas até então não tinha nenhuma referência de na ESC 95 terem vindo figurinhas, mas mesmo assim deixei fotografado para registro:

Atualização 21/05/2018

Mais um achado, encontrei duas figurinhas na Conan o Bárbaro número 6, publicada em outubro de 1992, um mês antes da ESC 96, portanto, com isso fecharia as 5 edições que trouxeram o brinde. Não posso afirmar que realmente foi nessa edição que iniciou a séria, mas considerando a data a publicação e as figurinhas estarem ainda no estado original, é plausível que seja. Desta forma eu suponho que as figurinhas teriam sido distribuídas aos pares nas edições:

  1. Conan o Bárbaro nº 6 – Editoria Abril – outubro de 1992
  2. Espada Selvagem de Conan Reedição 34 – outubro de 1992
  3. Conan o Bárbaro nº 7 – Editora Abril – novembro de 1992
  4. Espada Selvagem de Conan 96 – novembro de 1992
  5. Espada Selvagem de Conan Reedição 35 – novembro de 1992

em 08/02/2019 – Dúvida! 6 – Espada Selvagem de Conan nº 95? – outubro de 1992

Minha pesquisa ainda não terminou, porque ainda não é possível ter certeza, à exceção das edições esc 96 e cb 7, quais figurinhas vieram encartadas nas demais.

 

 

 

 

 

 

 

 

Atualização 02/11/2017

Para conhecimento dos guerreiros e guerreiras, não é que Mitra me presenteou com uma compra onde recebi uma ESC 96 LACRADA e com parte do mistério resolvido:

A única certeza é que essas duas figurinhas são da Espada Selvagem de Conan 96, mas a busca continua, para tentar identificar quais figurinhas vieram na Conan o Barbaro nº 7, Espada Selvagem de Conan Reedições nº 34 e 35.  Além disto, ainda faltam 2 adesivos sem referência.

 

Post Original

Caríssimos(as) fãs de Conan, estou em busca da solução de um mistério.

Foram distribuídos adesivos cromados do Conan como brinde nas revistas Espada Selvagem de Conan e Conan o Bárbaro publicadas pela Editora Abril. Até o momento, e com a ajuda do grupo Conan o Bárbaro (https://www.facebook.com/groups/1503273716572516), a quem agradeço,  seria certo que no total foram estes 10 adesivos:

 

Adesivos cromados que vieram como brinde em várias edições de Conan

 

Agradeço também ao Renilton Marques pela indicação:  os adesivos teriam sido lançados na ESc 96, Conan o Bárbaro 06-07, ESC reedição 34-35, porém ainda não consegui confirmar em quais revistas especificamente cada um destes adesivos foram lançados.

Se alguém souber por favor entre em contato, gostaria de catalogar mais precisamente estas relíquias.

Conan na Revista Planeta 03/1973

A primeira história de Conan no Brasil foi publicada na edição 7 da revista Planeta (Editora 3), em março de 1973. Trata-se do conto escrito por Robert E. Howard – “The Phoenix On The Sword”, traduzido como “A Fênix Sobre a Espada”.  A ilustração é de Luis Trimano.

 

 

 

 

 

 

Não posso deixar de mencionar a qualidade de encadernação, capa e papel desta revista.

O Povo do Círculo Negro – A Estrada dos Reis

Em referência ao lançamento da HQ “O Povo do Círculo Negro – A Estrada dos Reis”, pela Editora Mythos  em novembro/2017, não custa relembrar que a história “O Povo do Círculo Negro” foi publicada em 1990 no livro de Isaac Asimov – Magos, os Mundos Mágicos da Fantasia – Editora Melhoramentos (78 páginas de aventuras do Cimério).

Capa do livro Conan O povo do Circulo Negro e a Estrada dos Reis
Capa do livro Isaac Asimov - MagosSumário do livro
Capítulo do início da estória O povo do Círculo Negro
Aliás esse é um excelente portal sobre o Cimério, com informações, textos e contos de colaboradores, imagens, tanta coisa… Merece sua visita: http://cronicasdacimeria.blogspot.com.br/

Variações do 1º Número da Espada Selvagem de Conan

Este post vai tratar da primeira Revista Espada Selvagem de Conan (nº 1) lançada em inglês nos Estados Unidos por Curtis/Marvel Comic em 1974, com o nome de  “The Savage Sword of Conan the Barbarian #1 “. Uma curiosidade é que existem 23 edições em 13 países que utilizaram a mesma arte da capa. O original:

 

No Brasil foram lançadas três edições com esta capa, a primeira publicada pela Editora Abril em 1988, com cores muito mais escuras e bem diferente da edição original americana, observa-se a falta do texto sobre a arte, e o pico da montanha que sumiu do desenho ao fundo.

 

Na reedição do nº 46 publicada pela Editora Abril em 1993 a arte permaneceu a mesma, com pequenas diferenças como o ano de lançamento, preço, além da tarja azul com informações do licenciamento.  

 

Já a terceira versão lançada no Brasil  da mesma capa, foi publicada pela Editora Mythos na Coleção Conan o Bárbaro nº 38 lançado em 2005, com cores mais claras e texto sobre a arte.

Informação editada e traduzida da fonte: http://ultimateconanfan.blogspot.com.br/

autor N. Scott Robinson

 

Espada Selvagem de Conan nº 16 – Tatuagem

Algumas edições de Conan  publicadas pela Editora Abril vieram com brindes.

Na Espada Selvagem de Conan e Conan o Bárbaro foram distribuídos adesivos, tatuagem e bloquinho.

O número 16 original (1ª edição) trouxe como brinde uma tatuagem decalque, item considerado Raro que atualmente é muito difícil de encontrar.

No detalhe:

Memorias das Eras Hiborianas – O monge e a maldição do futuro

Houve uma ocasião em que me recordo, tão viva como estivesse, quando recolhia os tributos ao longo da costa, escassos em tempos sem deuses ou bênçãos. Não pude resistir a buscar tesouros mais brilhantes, algo mais que as poucas jóias que dispunha em meus aposentos de capitã. Ordenei então que preparassem o Tigresa para singrar os mares.

Como se fizesse alguma diferença, mais do que isso, em respeito caduco aos deuses dos Mares e à Senhora da Morte, oras eu sou Shemita, nunca é demais estar bem com os deuses. Ofertei uma peça de ouro ao mar, e um punhado de sangue à morte. Naquela noite todos bebemos e gargalhamos com as ondas, envoltos pelas brumas da morte. Antes do amanhecer tremulava nossa bandeira ao sabor dos ventos, porque descanso é para os fracos.

Desta vez iriamos mais longe. Os dias navegando não me aborrecem, e nem à tripulação, desde que haja confraternização, vinho, cerveja, e um mínimo de alimento também. Piratas sabem aproveita a vida. Troquei a realeza por esta vida. Quando então vingada, sequer pestanejei ante a deixar meu trono para voltar aos mares e as aventuras que colecionei desde que Tigresa aceitou meu comando. Enfrentamos tempestades, monstros, homens e criaturas, mas seguimos firme o curso. Aqui vivi e fui sepultada, não poderia ser diferente.

Muitos dias de mar, outros tantos de pequenas incursões e saques, muito vinho e tonéis de cerveja depois, aportamos em uma terra de mercadores.

 

Barracas por todo lado. O som da música exótica e das pessoas, de pássaros e a brisa quente do deserto.  Terra de objetos e artefatos, sem duvida de tesouros mais escondidos.

Estava decidida a achar novos despojos para minha coleção, saquear um tesouro grande e deixar que meus homens partilhem os despojos, guardar uma única peça para lembrar e manter vivo o espirito curioso e aventureiro. Fui gananciosa, mas nunca guardei todo ouro e despojos como um dragão preguiçoso. A vida é curta, e o espirito nada carregará.

Comprei uma coisa ali, outra aqui, avaliando o potencial da cidade, espiando aqui e ali, ouvindo conversas, atrapalhando uma ou outra negociação. Entendi tratar-se de um mercado mediano, até ouvir sobre um mecenas, de grandes riquezas, que patrocinava o comercio, abastecendo o estoque de curiosos artefatos. Alguns eu nem saberia dizer a serventia.

Sou amante das artes, logo não foi difícil encontrá-lo. Casa de pedra, janelas com ricos panos coloridos esvoaçantes, cheiro de óleos perfumados. Parapeitos com flores tão purpuras como o sangue de criaturas magicas. Totalmente aberta e sem guardas. Sem guardas significa Magia. Mas isso nunca me impediu de prosseguir. Entrar seria fácil, sair provavelmente não. O homem mais abastado da cidade? Valia o risco.

Uma escrava vinha em minha direção com uma luxuosa bandeja de comida, e outra trazia uma ânfora muito delicada de material transparente como nunca vi. O liquido dentro era cor de ouro.

– Ora se não temos visitantes inesperados….

Virei tão rápido quanto um gato, de adaga em punho …

– Calma adorável forasteira, aqui somos de boa vontade! Uma cidade livre e de mercadores. Sem ladrões.

Essa ultima frase cuidadosamente elaborada, uma ameaça velada em palavras ditas tão suavemente …

– Venho em busca de tesouros e não ficarei mais do que necessário, oh luxuoso mecenas. Aponte a direção do ouro e meus companheiros e eu partiremos antes que termine sua refeição. Me ameace novamente e estará morto antes de sentar a mesa. Não sou adorável nem você tão gentil, homem …

– Calma, calma venha desfrutar de uma refeição, tomar um banho e descansar em lençóis e almofadas dignos de uma deusa …

– Me aponte a direção ou será em sua casa que terei meu premio. De onde vem as mercadorias expostas pelos comerciantes?

Percebi a hesitação do homem. Percebi mais ainda que uma das escravas havia sumido …

– Bem … existe uma lenda …

Tentando ganhar tempo hein? – Deixa disso homem que não tenho tempo para lendas …

– Mas existe mesmo … e você desejará conhecê-la se busca tesouros incomparáveis às quinquilharias que vendemos …

Com a escrava retornou uma bruxa. Mulher de vestes exóticas, olhos vermelhos, pele brilhosa, já tinha visto outras da tribo das feiticeiras de Acheron …

– Saia daqui bruxa …

Maldição ia levar mais tempo do que eu pensava, então certamente que iria cear após matar os dois. E talvez libertar as escravas.

Começou a ressoar o cântico maligno, fui mais rápida e certeira ao arremessar minha adaga …

– Muita conversa e pouca informação, ultima chance de sair daqui respirando homem …

Mas era um pouco tarde para um palerma daqueles … saiu correndo e gritando por socorro. De certo que jamais iram enfrentar alguém com a proteção de uma feiticeira daquelas, tudo tem a primeira vez.

– Demônios o levem … ainda vai me fazer correr.

Derrubei-o e travamos um embate físico que terminou antes de começar. E mais um cadáver estava no pátio.

As escravas postaram-se para pedir clemência.

– Senhora que nossa vida seja poupada, e lhe direi o que sei.

Por que não? Com fome uma pausa para comer e beber não era má ideia. Enquanto isso ela me contou sobre as caravanas que misteriosamente viajavam ao deserto, e voltavam carregadas de objetos e comida.

– Mas que não se engane, pois não existe cidade no deserto, a não ser por bruxaria Senhora …

A segunda escrava falou do Monge, um nome constantemente recitado com respeito e temor pela feiticeira morta.

– Oras se não vou até o fim desta aventura. E fui.

Organizei o navio, abastecido de suprimentos, e parti para o deserto. Os relatos indicavam um dia ou dois de viagem, outro tanto igual para volta, sempre em direção oeste.

– Oras e que diabo é um Monge? Criatura, homem, bruxo, guerreiro, ou mito?

Saberia a resposta.

Sol quente de dia, mais difícil seria o frio do deserto a noite, e foram mais léguas até chegar a um estranho e pequeno lago, ao entardecer. Uma tenda acolhedora para os viajantes. Um tonel de água e um rico tapete. Passar a noite pareceu a decisão correta na hora…

Só pareceu porque todos os meus instintos estavam contra …

A noite no deserto não é produtiva para quem nem sabe o que está procurando. Foram léguas e nem uma alma a vista …

– Aos diabos se for uma armadilha. Ficarei.

Repousei, e dispus os suprimentos para a refeição. Lutava para permanecer alerta mas os olhos teimavam em pestanejar, pestanejar…

O vento começou a se agitar … semi desperta, a pele ressentida pelo frio … Corsários são presa fácil no deserto. Comecei a me preocupar quando achei ter ouvido sussurros ao invés de vento. Meus companheiros de viagem dormiam refastelados e inebriados por vinho.

– Volte …  – Sussurava a voz.

Era isso mesmo?

E eu estava de pé com espada em punho ameaçando o vento e xingando até a ultima geração do mercador.

– Volte ou diga a que veio.

– Vim em busca do tesouro do Monge, e não será o vento a me enxotar, cão … Saia para onde eu possa vê-lo seu inútil …

– Você ruge ameaças tolas mulher, mas é sincera.

– Ao amanhecer venha me conhecer, e discutiremos se sua vida merece continuar, ou retorne pelo caminho que veio.

– Quem ousa me desafiar?

– Quem ousa vir ao Monge para saquear tesouros?

E foi só isso por mais que meu sangue fervesse em desespero por uma batalha.

Contrariada não havia mais nada a fazer e aceitei esperar o sol nascer. Acordei meus companheiros com mais brutalidade que o necessário, mau humor de quem ficou de espada em mãos.

Quem me conhece já sabe, então aqueles brutamontes levantaram como criancinhas e empacotamos tudo.

Supreendentemente se via ao horizonte duas torres.

Era simplesmente impossível que não as tivesse visto no dia anterior. Amaldiçoado seja aquele Monge. Ia engasgar no próprio sangue. Presunçoso. Tesouros existem para ser saqueados e ele ia aprender a lição.

As torres estavam a poucos metros agora. De espada em punho nos aproximamos.

Um homem saiu da torre menor.

– Eis que chega a forasteira mal intencionada.

– Vim buscar os artefatos que os mercadores não carregam, suas riquezas serão minhas …

– Minha cara, sabe tão pouco do tesouro que defendo voluntariamente com minha própria vida … Os artefatos que os mercadores aqui coletam são lixo que cedo para abastecer o comércio. Minha história tem milhares de anos, e essas duas torres e seus subterrâneos estão cheios de coisas … Se veio por isso, é livre para vasculhar e levar o que quiser.

– Basta demônio em forma de homem, mostre-me seu tesouro ou perecerá pela minha espada.

– Não confio em estranhos. Antes da civilização minha ordem já estava aqui …

Nem esperei terminar, meus companheiros avançaram em fúria. Segui-os ultrajada pelo desafio. Que leve eras ou não, tudo morre.

Antes de eu chegar perto meus homens estavam desacordados no chão. Inflamou-me a ira, e parti para o ataque. Ao chegar perto notei que o homem usava um bastão. E era rápido com ele, eu só tinha tempo de esquivar e meus golpes se perdiam no ar. Não sei quanto tempo durou o embate, mas finalmente fui pega em um vacilo e minha espada foi parar atrás dele.

– Cão! Posso matar-te com as mãos … arfando parti em carga contra aquele homem que sequer parecia respirar.

– Tua persistência contou a teu favor e por isso terá uma chance de falar, desde que escolha melhor as palavras mulher.

– Qual tesouro vale a sua vida, Monge? Que diabo de criatura és?

– Um Monge é um apreciador da vida, acima de tudo um defensor do valor da coragem e honestidade, mulher afoita. Os Tesouros mais valiosos são o registro da alma dos homens. Não são forjados de metal nem dos elementos da terra, não parecem valiosos em si e foram feitos a partir de ideias, materializados em papel. Nada é mais valioso que isto. Ofereço-te a chance de conhecê-los e ser incorporada ao tesouro.

– Homem de estranhas palavras e lutador que não mata. Não serei escrava ou exibida em uma coleção. Morrerás hoje ou morrerei tentando matar-te. Empunha teu bastão!!!!

Acordei estava em uma sala repleta de pergaminhos e coisas indescritíveis. O homem curvava-se sobre uma mesa com um estranho pequeno objeto em mãos.

– Este é um lugar mágico, Corsária. Atemporal. Aqui se conhece o futuro e passado, a imortalidade que as eras não apagarão. Cidades sumiram para sempre, ossos se desfazem, milhões viveram e foram esquecidos, os que aqui são registrados terão um lugar para todo o sempre e suas almas viverão para contar histórias. Esse é meu tesouro.  Eu sou o Monge e te dou a vida eterna. Chegue mais perto. Seus companheiros estão vivos e a aguardam do lado de fora.

– Que magia ou feitiço você pratica homem?

– Aprenda a confiar Corsária, e verá como se tornará lenda e imortal, minha cara…

Na mesa havia um papel, com estranhas marcas escritas e um desenho de uma mulher vestida como eu, aquilo parecia magia negra …

– Essa é você, Bêlit, e já vi a sua alma, sua historia. Vá em paz, serás uma lenda e imortal. Todos que forem dignos conhecerão o seu nome no futuro.

– Permitirei que vasculhe e leve quaisquer artefatos. Você contribuiu com o registro e meu tesouro particular.

Eu queria reagir mas alguma coisa me causava simpatia àquela figura. Talvez receio também.

– Para que lembres de mim, reservo-te a imagem do futuro. Desejo-te paz.

– Que homem cede tesouros sem lutar para defendê-los?

– Aquele que aprecia a vida e não seus despojos materiais. Quando se vive tanto quanto eu, uma boa história para o espirito é melhor que qualquer outra coisa. Há o que se guarda, há o que se compartilha, há o que se descarta, tudo a seu tempo, mas ainda que tudo for despojado, o que está na memória, o conhecimento te conduzirá em paz para todo o sempre, feliz é quem isso possui.

Nunca antes me deparei com um Monge, mas parecia um homem sábio, um sacerdote que sabe lutar mas que não mata, não me senti confortável em tentar derrotá-lo novamente.

Feito isto ele estendeu a mão para uma porta entreaberta, onde se viam pilhas de objetos a perder de vista, apesar de ser uma torre o recinto parecia infinito.

– Vá e leve o que precisa, deu-me sua historia, concedo tua pilhagem.  E este é meu legado a você.

 

– Seu futuro e passado, sua vida e morte serão imortais. Prometo.

E desapareceu enquanto eu olhava para aquele papel. Ficamos horas para escolher o que levar, e partimos …

Muitos anos depois eu ainda tinha aquele punhado de papel estranho no navio. Tesouro? Definitivamente não, mas mesmo assim o mantive, também nunca mais esqueci o único da espécie monge que conheci, espécie ou raça estranha de homens que oferecem tesouros.

E mais eras ainda depois, agora fantasma, percebo que meu futuro estava lá, retratado em escrita estranha e desenhos. Se sou uma lenda? Me responda você que está vivo.